A gente tem o direito de saber

Ilhéus: o ar e o mar
Maurício Maron

Desde o dia 11 de março se tem notícia do primeiro caso positivo do Covid-19, com origem no sul da Bahia. O vírus já era fato por todo o mundo e as notícias sobre ele no Brasil se espalhavam pelo ar. Todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde, já naquela oportunidade, exigiam que qualquer tipo de contato com casos suspeitos, a pessoa optasse preventivamente pelo isolamento domiciliar. Com sintoma ou não.

Foi, por exemplo, o que fez a professora Rosana Viana Oliveira, a Tia Ró, uma das animadoras infantis de uma festa de casamento no Txai. Bom ainda ressaltar: e mesmo diante do resultado negativo, ela cumpriu o período de isolamento proposto pela OMS.

O médico de Ilhéus que hoje é o primeiro caso confirmado da doença suspeita que tenha sido contaminado ao atender pacientes que estiveram no casamento em Itacaré, começo de tudo na região. Isso é, agora, divulgado, 15 dias depois do ocorrido. Neste intervalo, mesmo com a confirmação de dois casos desta mesma festa, este mesmo profissional continuou a atender em posto de saúde e - mais - foi um dos médicos na linha de frente no trabalho preventivo da doença na cidade. Se reuniu, conversou com pessoas, tomou decisões em grupo.

Hoje, todos os servidores do posto de Saúde da zona sul, onde o médico continuou a atender, tiveram que ser isolados. Mais de 20 pacientes que estiveram no consultório terão que fazer o mesmo. A cidade lida, agora, com um caso que pode ter proporções preocupantes.

As autoridades, portanto, que nem tocam neste assunto, precisam, agora, esclarecer uma coisa.

O médico teria avisado do contato preliminar com integrantes da festa do hotel? Ou a Prefeitura, sabedora da situação delicada, optou por permitir que ele fosse um dos âncoras no trabalho de proteção da saúde pública local?

A sociedade quer - e precisa - saber.